Tamara Valentina

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Arquivo mensal: maio 2015

BIJAGÓ (Bidyogo)

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O grupo habita o arquipélago do mesmo nome, em frente ao estuário do Geba, a meio da Costa da Guiné portuguesa. Grande parte de sua arte está diretamente relacionada com o culto dos mortos e com as festas da iniciação. Os eramindés são figuras esculpidas que encamam espíritos ligados às práticas divinatórias e à medicina fetichista, presidem principalmente as cerimônias destinadas a conhecer a causa dos males (interrogatórios de defuntos, cura de enfermos, etc.). Os eramindés são figuras que encarnam os espíritos de defuntos familiares. São revestidos de engobes de barro, e conservam-se guardados nos templos da povoação. O grupo mostra particular predileção pela representação do boi selvagem, a “vaca bruta”, símbolo da força. Nas danças rituais exibem-se com máscaras de extraordinário realismo, como é, por exemplo, a máscara de iarê, representando a vaca de longos cornos espalmados e decorados. Evocativos, espátulas, assentos, bastões, apresentam com frequência figuras antropomorfas e zoomorfas esculpidas A pintura mural é também uma das suas formas de expressão artística. Os temas preferidos inspiram-se na serpente, canoas, na vaca, tubarões, pássaros, automóveis, aviões e etc., e outros desenhos puramente geométricos.

GÊMOS IBEJI E HOBO e ASSEN-OSSUN

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Os gêmeos Ibeii para os iorubas e Hobo para os fons, são objeto de um culto. Não são nem orixás nem vuduns, mas o dado extraordinário desses nascimentos duplos, essa prova viva do princípio de dualidade, lhes confere uma parcela de sobrenatural que recai em parte sobre a criança que vem ao mundo depois deles.

É indicado sempre tratar os gêmeos de modo igual e partilhar muito equitativamente tudo o que lhes é ofertado. Quando um deles morre com pouca idade, o uso determina que se esculpa uma estatueta representando o defunto e que a mãe leve sempre esta com ela. Mais tarde, o sobrevivente já crescido terá o cuidado de sempre oferecer à efígie de seu irmão uma parte de seu alimente e bebida. Os gêmeos são para os pais uma garantia de boa fortuna e felicidade.

No Brasil, o culto dos gêmeos lbeji é sincretizado com São Cosme e São Damião. As semanas vizinhas ao dia 27 de setembro, dia a eles consagrado, são assinaladas na Bahia com a realização de festas muito alegres, onde os pratos favoritos dos Ibeji (caruru) é ofertado às imagens dos dois santos e aos jovens meninos reunidos para m celebração.

ASSEN-OSSUN

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OS Assens entre os fons e ossuns para os nagôs são espécies de bengalas de ferro que representam um ancestral e que servem igualmente de altares portáteis para honrar o morto. Algumas vezes o Assen perde seu caráter de bengalas e não conserva senão o de altar sobre o qual se fazem as ofertas aos ancestrais defuntos. É colocado no De Hobo, quarto reservado ao culto dos ancestrais. Cada Assen só serve para um morto, embora um morto possa ter numerosos assens oferecidos por muitos familiares ou por uma só pessoa em diversas circunstâncias.

São sobremontados quando se trata de reis ou de uma pessoa importante, por um motivo simbólico fazendo alusão ao morto.

OS DINKAS

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Poucos lugares do mundo continuam ainda hoje tão impermeáveis à civilização quanto a zona pantanosa de Sudd, no Sudão Setentrional. Até com as formas modernas de transporte e comunicação, grandes áreas ficam completamente isoladas durantes vários meses do ano, por ocasião das enchentes dos rios que aumentam o Nilo Branco.

Para o povo que habita a região do Rio Lol, uma zona praticamente inacessível, todos os anos, nas duas últimas semanas de fevereiro, há um acontecimento que lhe modifica um pouco a existência monótona, ao mesmo tempo que lhe traz fartura: festival de pesca abundante e fácil.

Os dinkas (este é o nome da tribo), dirigem-se em procissão ao rio, armados de lanças, redes, cestos a anzóis, a fim de se beneficiarem da farta colheita de peixes que as águas turvas e lamacentas do Lol, lhes proporcionam. Nesses15 dias, abandonam o seu gado – que é a coisa de maior valor para eles – e revezam-se dia e noite num verdadeiro delírio de pescaria.

Os dinkas são um dos povos mais atrasados da África. Os homens andam geralmente nus, sendo que, nas ocasiões de gala (festa dos deuses orixás), envergam suas tangas de pele e se adornam com turbantes, pulseiras, brincos e colares. As damas e as senhoritas, usualmente, vestem saiotes de couro, e as mais garridas, colares coloridos e pulseiras de osso.

Nas festas, porém, exibem todas as jóias, e algumas, as mais vaidosas, pintam-se exageradamente com uma substância branca. Só os aristocratas da tribo, os chefes e sua esposas usam trajes mais ou menos civilizados, já que entre os dinkas, também há classes sociais e financeiras.

No fim de fevereiro o rio desce ao nível normal. É o tempo da pescaria. Antes de iniciada a temporada, tem lugar uma curta, mas tradicional cerimônia, quando as águas são abençoadas com o sacrifício de um boi, já que, para eles o gado é quase sagrado. Cada família possui um rebanho, onde um dos animais é tido como “encarnado”, o espírito familiar, de modo que, matá-lo seria como se matar a um parente. O boi a sacrificar é escolhido entre os não-totens. Após o encerramento da , armazenada a colheita de peixe, é que começa o festim, com danças, batuques e banquetes. E depois, eles voltam ao seu gado.

Tohossus e Nessuhuês

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Existe na região Mahi, ao longo do rio Uemê e em Abomey, uma categoria de vuduns chamados tohossus. Essa denominação significa “Rei das águas”. Os tohossus de Abomey residem em determinados lugares, em particular os de Agbado, AziI, Gudú e Dido.

Quando um Tohossu vem à terra, é no corpo de uma criança anormal e monstruosa. Para um Tohossu vir ao mundo é sinal de descontentamento, uma revolta à ordem. Outrora, quando nascia uma dessas crianças disformes (cavalos de tohossus), o costume mandava que fosse lançada num pântano, que era o seu elemento. Os sacrifícios eram feitos depois para o acalmar e satisfazer.

Os tohossus da família real são vuduns particularmente importantes.

Seu culto se faz imediatamente depois como o dos antigos reis aiossus e precede aos dos nessuhuês, príncipes e princesas defuntos. Mais exatamente, o culto dos tohossus é a primeira parte da dos nessuhuês, porque eles são filhos de reis. É a forma do culto da família real de Abomey.

Os celebrantes das cerimônias para os grandes vuduns Lissa, Mawu, Agué, Hevioso, Sakpata não têm senão o segundo lugar.

Em Abomey a tradição diz que:

Akaba, rei do Dahomey, tinha tido um filho anormal. A gravidez da rainha Kuandê tinha sido dolorosa e agitada, se manifestando por duas vezes no dorso, duas vezes no peito, parando em seguida por nada sentir.

A parteira ficou espantada quando o menino Zomadonu veio ao mundo, porque ele tinha seis olhos, dois sobre a fronte, dois atrás da cabeça e dois no peito. Tinha dentes, cabelos e barba, e desde o seu nascimento se tinha posto a caminhar e a falar. Além disso tinha nascido com uma grande bolota nas nádegas, que balançava quando ele andava. No dia seguinte ele entrava a engordar e desaparecia e rolava por terra como uma bola e declarava que era Zomadonu. Horas depois ele estava transformado em um grande pássaro entregue à pescaria no pântano e cantava traduzindo o seu nome. Em certas ocasiões estava de novo como homem. Todos ficavam muito surpresos com essas manifestações.

Se ele cantasse na fonte, os que vinham procurar na água ouviam as canções no ar. As pessoas não sabiam o que fazer. Akaba o fazia procurar inutilmente.

O rei Agajá, irmão e sucessor de Akaba, o fez por seu turno, procurá-lo sem sucesso e ele teve mesmo um filho anormal chamado Kpelu. Tinha vinte dedos, dez em cada mão, dois olhos normais e dois sobre a nuca, manchas de cor com grossos pelos pelo corpo. Nascera com dentes e grandes cabelos que lhe cobriam a face e ele predizia o futuro. Depois desapareceu e não mais foi encontrado.

O rei Tegbessu, sucessor de Agajá teve também um filho anormal Adomu. Possuía quase as mesmas características de Kpelu: vinte dedos, dez em cada mão, dois olhos normais e dois sobre a nuca, manchas de cor e grossos pelos pelo corpo. Era caprichoso e pretendia cortar o nariz de todas as pessoas que via. Ninguém sabia porque ele tinha aparecido, já que era assinalado muitas vezes em lugares diferentes. No momento em que se chegou a localizá-lo e onde se deveria lhe fazer ofertas ele desaparecia bruscamente para reaparecer além. Passavam-se coisas estranhas e inexplicáveis. Ninguém sabia e nem supunha que os tohossus fossem os autores. Suportava e conduzia pessoas de grandes distâncias, separava subitamente os que eram unidos, tirava os pratos de alimentos no momento do repasto, matava as pessoas fazendo-as reaparecer vivas adiante. Todos ficavam em sobressalto e desorientados e não sabiam, em meio a confusão, se ele aparecia de dia ou de noite.

As danças principais são: Ablô, dançada em longas filas sinuosas, entrecortadas de movimentos chamados vegbugbó, em condições guerreiras onde as mulheres se agrupam em esquadrões e brandem suas bengalas.

No Brasil, o culto dos vuduns, em relação com a família real de Abomey não se encontra senão em São Luiz do Maranhão, num templo chamado “Casa das Minas” e onde figuram inúmeros deles, inclusive Zomadonu.

Altar em casa

Ter um altar é perfeito para uma ligação incrível com os assuntos espirituais. Confira:

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ONDE FAZER

Escolha um local tranquilo, onde não haja muito vaivém de estranhos para evitar possível olho gordo. Mas, também, deve ser um lugar que fique livre para pessoas queridas se aproximarem.

Deve estar sempre limpo e arrumado.

O QUE COLOCAR

Forre o altar com uma toalha branca, pois essa cor representa a pureza e a harmonia. Em seguida, coloque objetos de que mais gosta. É importante ter materiais que representem os

quatro elementos da natureza – Fogo,Terra, Ar e Água:

  •  Fogo: coloque velas de acordo com os pedidos ou agradecimentos a serem feitos. (Amarela: inteligência – Verde: boas energias e saúde – Rosa: amor – Lilász intuição – Dourada: equilíbrio e paz – Azul: calma e felicidade – Vermelha: paixão – Branca: paz).
  • Terra: vasos com flores, ervas ou até mesmo cristais dão aquela força para que os pedidos feitos se tornem reais e atraem muito sucesso na coisas materiais. Também proporcionam mais beleza ao seu altar.
  •  Ar: os incensos ajudam a elevar pensamentos e a desenrolar ideias. Use-os para atrair as energias certas de acordo com o que está desejando. Acenda um com seu aroma favorito sempre que quiser limpar o ambiente.
  •  Água: um copo de água pura, que deve ser trocada todos os dias, é ideal para representar esse elemento. Simboliza as emoções, o amor e também faz uma ligação direta com que se quer muito.
  • Imagens: a partir das suas crenças, podem ser colocadas diversas imagens em seu altar: anjos, santos, orixás, divindades, mestres… É liberado usar até mesmo fotos de pessoas queridas para receberem proteção.

A Umbanda é Universalista

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Os espíritos trabalhadores na linha de Umbanda, designados de pretos velhos, nos repassam constantemente uma lógica que infelizmente, nós encarnados ainda estamos demorando em aplicar. Dizem eles, com sua maneira peculiar e simples de expressão, que no “mundo dos mortos” não existe raça, cor ou credo que diferencie as almas ou crie fronteiras, o que existe é o homem de bem e o homem que desaprendeu de ser bom. Baseado nisso, nos falam das lágrimas que insistem em cair de seus olhos, pela arrogância dos homens e de suas religiões que acabam se distanciando de Deus, pela pretensão de se adonar d’Ele, impondo a “sua” verdade. As religiões ou os credos em geral, ainda existem por necessidade de nossos espíritos que se diferenciam na escala evolutiva, encontrando dentro de cada uma delas a melhor adaptação de “religar-se” ao Criador. O que fica desvalorizado aos olhos da Espiritualidade Superior é o combate que se trava entre os homens por questões religiosas como se vivessem em eterna disputa, chegando ao absurdo das ditas “guerras santas”. Como nos traduz o espírito Ramatis, “o rótulo religioso não passa de uma experiência transitória em determinada época do curso ascensional do espírito eterno.”

Também nos dizem os bons espíritos, que o homem erra mais por ignorância do que por maldade, talvez por isso ao cessar os tempos inquisitórios, jorram do mais alto através de vários canais mediúnicos e por todos os cantos do planeta, muita informação vinda do Alto nos forçando à evolução. E se hoje, por força do ambiente energético denso da Terra não é mais possível a descida de Avatares entre nós, a bondade divina nos presenteia com Allan Kardec, com Zélio Fernandino de Moraes, com Francisco Cândido Xavier, além de outros espíritos iluminados, para retirar dos nossos olhos, o véu de Isis. Mostrando de novo a humanidade terrena, àquilo que havia sido roubado pelo interesse das religiões manipuladores, provam a imortalidade da alma, a existência do mundo espiritual e a lei da reencarnação. Abrindo novos horizontes através do concurso da mediunidade, que além de instruir promove o socorro dos que ainda no além túmulo, ignoram sua condição de espíritos imortais ou se aproveitam disso para dar continuidade às práticas anti-fraternas de quando encarnados. O Espiritismo chegou para esclarecer e caridosamente auxiliar. A Umbanda e sua magia branca vêm neutralizar as forças trevosas que insistem em conquistar a humanidade através da manipulação negativa dos elementos.

Na religião Umbanda, embora todo o ritual e simbologia usados, têm a parte filosófica, científica e doutrinária, como no Espiritismo. Enquanto a Umbanda é mais ação, a Doutrina dos Espíritos é totalmente mentalista, mas ambas promovem e priorizam a reforma íntima dos seres, ensinando o bem viver para melhor morrer.

Ambas foram inseridas no contexto do planeta num momento de extrema necessidade da humanidade, onde urge a higienização dos ambientes etéricos e astrais do planeta azul, na separação do joio e do trigo.

Diante deste contexto, respeitando os preceitos e linhas de pensamento de cada uma, é inconcebível que possa haver entre estas duas linhas – Espíritismo e Umbanda – qualquer espécie de antagonismo ou preconceito. Inconcebível a intolerância com a fé alheia no homem moderno pertencente a qualquer religião, uma vez que se supõe, seja ele pensante e bem informado. Principalmente nas linhas que se dizem cristãs, o exemplo do Mestre Jesus nos prova a todo instante que só existe um caminho, uma verdade e uma vida. Por enquanto a humanidade percorre vários caminhos em busca dessa verdade, mas chegará o dia em que o Universalismo será pleno, então haverá um só rebanho para um só pastor.

E como acontece no “andar de cima”, formaremos uma única corrente de trabalho, auxiliando a quem necessita, mostrando que a ferramenta mediunidade tem um só objetivo: – A Caridade! Fora isso, tudo o mais fica por conta de nosso Ego.

CICLO DOS TOTENS E TABUS

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É outro ciclo ao mesmo tempo nacional e universal.

O ciclo dos totens e tabus é uma necessidade imposta pela ciência moderna a que o afro-brasileiro não se poderá furtar, embora cingido a definições rudimentares.

Totem – animal, vegetal, mineral, corpo celeste ou sideral, fenômeno atmosférico, lugar havido como sinal, emblema, ascendente, protetor, defensor símbolo da tribo, da família, da comunidade.

Tabu – animal, vegetal, mineral, ídolo divino ou sagrado que não se pode intrujar ou tocar sob pena de grandes castigos.

No afro-brasileiro especialmente, em se tratando de ciclopes, os totens estão quase sempre à descoberta.

O catolicismo nos oferece exemplos admiráveis da transferência de totem a tabu e, como ele, o fetichismo afro-negro e a mitologia ameríndia, (antes de expormos os exemplos, convém assinalar que muitos dos nossos intelectuais e que primeiro trataram desse assunto no Brasil, estabeleceram que no catolicismo, no fetichismo e na mitologia ameríndia, totem corresponde a santo e tabu a Deus. lsso, porém, reflete a ideia primeira de totem e tabu).

No dia de São Lázaro – elevado a tabu – era usual no Ceará, os juízes da festa oferecerem um banquete aos cães da vizinhança.

Na Bahia, no dia de Oxum-Maré, o arco-íris, Oxum, a deusa das águas que usa saia de palhas secas de bananeiras, é totem. Oxum é totem em relação a qualquer dos grandes orixás, a exemplo de Obatalá, Xangô e Ifá, mas qualquer deles não é totem em relação a Obaluaiê, o Deus protetor da África e nem em relação a Olorum, o Deus do Universo, que não desce a intervir em coisas terrenas. Boi-açu, de MbeoI-açu (cobra grande), nome por que é conhecida no Amazonas a constelação do Serpentário, é um totem em relação a Jaci-tatá, a lua de fogo ou Vênus, por sua vez também um totem em relação a Tupã.

Admitimos que todo totem seja um protegido por tabu. De fato, o afro-brasileiro não se deve preocupar, especialmente tratando-se de mitologia ameríndia, por já se haver e mesma perdido muito nesse terreno com o desaparecimento ou com a dispersão das tribos que tinham tais ou quais animais por totens, consagrados a quais ou tais tabus.

Numa mesma peça fetichista podem existir um totem e um tabu, não sendo este protetor daquele. A argúcia do folclorista, entretanto, não se prende a descobrir o culto, mas, em limitar-se ao claro, tendo o cuidado de observar:

  1. a) não deduzir qual seja o totem, se a peça não o apresenta a descoberto ou com um outro nome;
  2. b) salientar todo e qualquer totem que figura na mesma peça, para precisar o totem real.

Seria muito conveniente que os novos folcloristas identificassem os totens das atuais tribos ameríndias, pois são pouco conhecidos: o veado e a arara para os bororós, a lua para os nac-nanuk (Bahia e Minas Gerais), a arara para os camacãs (Bahia), o carcará para os guaicurus, a onça pintada para os bochiris, a ema para os xerentes, o jacu (burruteengo), para os canelas finas do Maranhão, a formiga para os mcuhis do Rio Negro (Amazonas), a lagarta (toricoco) para os cajarás do Araguaia e alguns outros, inclusive o boto-vermelho (tucuchy), o jacaré para uma parte das tribos amazônicas.

Os astros e constelações ora são totens, ora tabus, e têm nomes gerais no Amazonas e em particular em cada tribo.

O ciclo dos totens e tabus, por tais motivos, subdivide-se em dois sub-ciclos de alto interesse científicos:

1º) dos curandeiros; 2º)dos feiticeiros.

NIRONGA

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Havia lá em Angola uma moça muito bonita e que era bem feliz.

Todas as tardes, entrava pela porta de sua cubata uma borboleta azul que a encantava. Ela virava borboleta e juntas, saíam passeando. Ele se chamava Quibamba e ela Nironga.

Aconteceu que houve uma grande guerra entre as nações e a dela perdeu. Então o povo todo começou a juntar-se para quando chegassem os vencedores, um escravo fosse entregue, pois era o costume daqueles tempos. Vinha gente de todas as partes, resignada com o destino, mas só Nironga não aparecia e nem ninguém se lembrava deia e nem de Guibamba.

Quando os vencedores apontaram no alto da montanha, os vencidos estremeceram e perderam os sentidos. E num instante todos viraram borboletas e levantaram voo, numa nuvem grande, escura, que logo desapareceu daquelas paragens. Os vencedores não acharam ninguém. Voltaram para suas terras fazendo uma grande caminhada, tristes da vida por tanto sacrifício perdido, pois nem um escravo tinham para vender aos pombeiros.

A nuvem de borboletas abriu-se e cercou a cidade em que eles se lastimavam de tanta penúria depois de uma guerra tão sem fruto. De um instante para outro, todas as borboletas viraram soldados sob o comando de Nironga. Os inimigos não puderam resistir e entregaram-se.

A lenda de Nironga é naturalmente um episodio guerreiro de tribos africanas.

É Nironga o segredo da força inconsciente já tomada consciente e combatente. Sua vitória é a da razão contra os instintos; do sábio, do mago, do mestre, contra a ignorância, a malvadez, o interesse pelas causas que degradam a humanidade. É também, o castigo sobre o que viveu de ser verdugo: sofrer a mesma pena que impôs aos outros.

GONGA

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Gonga foi um homem a quem Olorum e Exu ensinaram todos os segredos do mundo para que pudessem fazer o bem e o mal que entendesse.

Quando Gonça soube fazer ibá’, efifá, malamba e tudo, os cambindos se reuniram e lhe disseram:

– De hoje por diante você se chama Gonga

Gonga curvou-se agradecido diante do peji, mas ouviu Obatalá, Xangô e Ifam dizerem-lhe que deveria, por isso, fazer uma festa grande, mas sem comidas frias e nem cruas.

Como ninguém soubesse fazer fogo para cozinhar as comidas, foi à encruzilhada esperar por Exu, para saber dele o segredo de como fazer o fogo. Ficou um dia e uma noite, a cabeça dentro das mãos, até que por fim ouviu as macaias estalando e uns psíus chamando por ele. Gonga ficou espavorido procurando ver de onde partiam os chamados, mas nada conseguia. Parecia até arte de GUNOCÔ, pensou. Mais um dia e uma noite perdidos. No terceiro dia, finalmente observou que eram as árvores que se mexiam e rangiam seus galhos, bolindo com ele e caçoando porque não conseguia fazer fogo, já que elas mesmas iam queimando-se. Gonga, mais que depressa chamou por Xangô, pedindo que lhe valesse. E logo chegou uma chuva de raios decepando algumas árvores.

Gonga, valendo-se do auxílio pedido a Xangô, aproveitou-se das árvores encandecidas pelos raios e soube preparar o fogo desejada E daí, iniciou o preparo para os quitutes da festa que deveria dar por ordem dos orixás.

TUTU-MORINGA

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Estamos diante de mais um angolês, isto é, de mais um tutu afro-negro que se despe dos farrapos que os africanistas lhe deram e vem rir-se da confusão que estabeleceu na mítica brasileira. Esse tem história, ou antes, fez do Brasil o teatro de sua historia de Angola. Anda à procura dos filhos, que os portugueses roubaram e trouxeram para cá. Não tendo pouso certo, mora nos matos, daí, o ser chamado de “bicho do mato”. É velho e tem o corpo em formato de moringa. Assemelha-se a um bêbado quando caminha. E sua fala semelhante ao ruído da água saindo do gargalo de uma bilha, se faz rouca.

Supondo ser os filhos que procura, furta as crianças e foge para o mato, sem que o alcancem.  Vendo-se logrado, vinga-se. Estraçalha as crianças com as unhas e come-as sem deixar vestígios dos ossos.

O ronco do Tutu-Moringa bastou para que Vale Cabral sem o citar fizesse os tutus da Bahia, “corporificados” no caitetu. Grossa e deslavada similitude, como se roncar não fosse de aplicação muito nata em nossa linguagem. Senão observemos: roncam o mar, o trovão, a cachoeira, o que dorme, o atacado de coração, enfim, roncar é ressonar, rugir, bravatear e tantas coisas mais, e até mentir “com autoridade”.

Tutu-Moringa é um grito de angústãa de uma raça escravizada, uma página que se desgraça de seu subciclo dos tutus para o ciclo de Pai João, pois tanto pode ser considerado em Angola como no Brasil.

Ninguém sabe onde Tutu-Moringa nasceu, nem de que terra veio. Mas o bisavô de seu avô dizia que ele morava já nos matos e que sempre andou à procura dos filhinhos que foram roubados e trazidos para cá. Também a tetravó de sua avó, que era uma sabichona e até fazia versos, contava que todas as noites, Tutu, com o corpo de moringa, andava de casa em casa roubando os meninos que não dormiam, pois as falas das crianças são muito parecidas com as de seus filhinhos. E assim, Tutu-Moringa comeu í gente que não foi brinquedo e meteu medo que não foi graça.

Os antigos sabiam da história e se recolhiam cedo para não serem comidos também, pois, pelo tempo, os filhes de Tutu-Moringa já deviam estar velhos e barbados, mas ele, na aflição de achar os filhos pensava que ainda fossem pequenininhos como no dia em que foram roubados.

Talvez, Tutu-Moringa não tenha mais razão de ser. Seu mito se enquadra bem no ciclo de Pai João.

Era comum ao aparecimento de Tutu-Moringa, entoar-se a canção:

“Vá embora Tutu-Moringa,

A toda pressa,

Pela restinga.

Corre ligeiro, vá ligeiro

Tutu-Moringa,

A toda pressa.

Seus filhinhos vão agora

Embarcados num veleiro.

Vá embora.”