Tamara Valentina

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Arquivo mensal: junho 2015

Cântico e louvação de OMULU

omulu

Na data de 17 de dezembro, inúmeros terreiros realizam respeitosas cerimônias para reverenciar o Orixá Omolu, ou seja, o orixá da varíola e das moléstias da pele, também chamado o dono da terra e dos cemitérios, e ainda, de ”O Médico dos Pobres”. São cerimônias cercadas por denso misticismo.

Omolu foi sincretizado com São Lázaro, visto ser o grande espírito de Lazaro, uma perfeita revelação do orixá, por suas características e pelo seu sofrimento como ser humano, corroído pelas chagas, pela lepra e depois sepultado e ressuscitado. Nenhuma outra criatura encarnaria tão perfeitamente o orixá, que é louvado, igualmente, em alguns terreiro no dia 13 de fevereiro, por constar nesta data, como sendo a da morte de Lázaro. Mas, no entanto, convém ressaltar que sua verdadeira morte só se registrou a 17 de dezembro, isto é, dez meses após a sua ressurreição.

Também chamado de Obaluaiê, quando incorporado, é saudado aos gritos de “latotô”. E começam seus cânticos e louvações:

Cafungue

Catulembaracíme m

Cacenzala ê, ê, ê,

Cafunguê.

Lembaracime

Cocenzala

E ê, ê,

Cafunguê.

Sambuê

É popo de monã.

Sambuê

Sambozanguê

Samboê é

Popo de monã.

E monã

Quere Sumbê

A um belê

Monã

Quere sambucê

Ai um belê.

Caturá

Caturá

Mora coná

Lembauê, Iembauê

Catura,

Mora congá

Lembauê

Acochê.

Cântico e louvação de OXOSSE

Oxossi2

Oxosse é o orixá da caça.

Deve sua importância entre os iorubanos a diversas razões.

Uma delas é de ordem material, já que é Oxosse quem torna as caças frutuosas e garante a alimentação abundante. Uma outra é de ordem médica, porque os caçadores estando muitas vezes na floresta, entram em contato com Ossanyim (Ossãe), divindade das folhas medicinais e litúrgicas. Em Keto existe um Olossanim, perito em folhas e talismãs, que é o guardião de Oxosse. A ultima delas é de ordem social, porque é quase sempre um caçador, sob a proteção de Oxosse, em seus passeios à procura de presa, quem descobre um local favorável à instalação de uma nova fazenda ou de uma futura cidade para instalar-se com sua família.

O lugar de origem de Oxosse é Ikijá, perto de ljébu.

Quando se manifesta é saudado aos gritos de “Okê”. E daí por diante, seus cânticos e louvações têm curso:

Cabila queuala tala

Munzuê

Mamãe gimbe, gimbe,

Um táta ê

Mamãe gimbe á

Ai na ruanda ê

Orerê cabila

Queuala tala

Munzuê

Mamãe Mariá

CabHa

Mamãe Mariá

Cabila

Mukandeõ.

Tem pai

Cabila

Cabila

Tem Mãe

Cabila

Cabila de engoma

ê, ê,

Cabila geringue

Cabila de engoma

É um.

Cabila geringue

Auenda canguira

Munganga enganga

Aio tumba ô

Tauamim aê

Tauamim.

É muca,

Lembelembe

Aê tauaminha

Auenda cangira

Munganga enganga

Aio tumba ô

Tauaminha.

Bambi ê, ê, ê

Bambeu ainguá

Tauá

Bambeu ainguá

Tauá mi

Bambeu ainguá

Tauá.

É adeus cuta!a ginguê

Oiá ginguê õ

Adeus cutala ginguê

Oiá ginguê

Minha iza cutala

Cai a cura

Ai, ai, ai, ai,

Ai, a, adeus cutala

Ginguê, oiá guinguê õ

Oue me fauerá

Que me fauerá

Mínha iza cutala.

Caiza cura

Ai, ai, ai, ai, ai, ai

Adeus cutala

Ginguê oiá

Ginguê oíá, ginguê õ.

Caiza cura

Ai, ai, ai, ai, ai, ai,

Adeus cutala

Ginguê oiá, finguê õ.

À, o oiá me

Ola jabenganga

Olha maçambura

Lembeco

A samba queuá.

Simpatia para vida FINANCEIRA E PROFISSIONAL

Cântico e louvação de OGUM

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Ogum é para os iorubanos e nagôs o orixá dos ferreiros, dos cultivadores e de todos os que trabalham e utilizam o ferro (cabeleireiros, açougueiros, caçadores, pescadores, etc.).

É representado por instrumentos de ferro forjado, com os números 7, 14, 16 e 21, enfileirados sobre um bastão de ferro.

No Brasil, Ogum precede às outras divindades. Abre os caminhos em

todas as circunstâncias.

No curso das oferendas para os outros orixás, ele recebe louvores e ofertas, porque, sem faca forjada, a oferenda não será possível. Durante suas danças montado sobre seus iaôs, imita a guerra, brande um sabre e toma uma expressão feroz. É sincretizado com Santo Antônio, na Bahia, e São Jorge, no Rio de Janeiro. É saudado aos gritos de “Ogun-hê”, e posteriormente, através de seus cânticos e louvações, prossegue o Xirê:

Rose macumbê

Para me sauelâ

Goiaê, aõ, Goiaê aê

Goiaê,

O Luandê o cocê

O muitalalangá.

Cocê imbambiê

Aê cocê.

Cocê embambaiô

Malambê,

Aê cocê.

Cocê biolelê

Biolala

Quiza becum

Cocê biolê,

Biolá.

Tabalacime

E nu tabalandê

O incocê

É nu tabalandê

O incocê.

v Ogum oiá

Ogum oiá ê

De mene

Ogum oiá

De mene

Patacori

É de mene.

Banda minicongo

Aê, aê, aê, aê,

Banda minicongo

É minicongo

É subuqueala.

Aê, aê, aê

Banda minicongo.

É aê, aê

Banda minicongo

É de tereculê

É de tereculê

A Ogum iê

O táta qué

Malembê

Ai Ogum iê

É um táta qué

Malembê.

Cântico e louvação de Exu

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Exu é o mensageiro dos outros orixás.

Ele é também o guardião dos templos, das pessoas, das casas, das cidades.

De caráter irascível ele é a cólera dos orixás e dos homens. Gosta de provocar discórdias e questões, e também acidentes, calamidades publicas e privadas. Obtém tais resultados criando com astúcia os mais diversos mal-entendidos.

É a ele, em primeiro lugar que devem ser feitos os louvores e ofertas ao início de todas as cerimônias ritualísticas, com a finalidade de que elas transcorram na mais perfeita ordem.

E seus cânticos e louvações, então, são entoados:

Bombogira já mucanguê iáiá irerê

Bombogíra já mucanguê iáiá Oiaê

Bombogira cujá conjanjo

Bombogirê gangaiõ lhe que

Bombogirê quinguangue

Gangaiõ, gangaiõ le que Bombo-girê

Tenda, tendá é Bomba-gira

Tendaió

Tenda, tendá é Bombo-girá.

Mavile, mavile mavanguê

Recompenso ê

a, a, a, recompenso.

É um mavile, é um mavile

É um mavile mavango

O quianga ê

O quianga ê ô.

Xô apavenã, Xô apavenã

Minha aldeia ainda é

Xô apavenã

Xô aindaê, Xô ainda é

Minha aldeia ainda é

Xô aindaê.

Niamadobê,

Quírijá

Nelemadogô

Quirijá.

Agongô rongó

Laroiê

É um gó

É um gó

Laroiê.

Toma lá zecu, zecu

Olha zé curiá

Olha Iá zecu, zecu

Olha zé curiá.

Depois que se despacha o padê de Exu, tirase a seguinte cantiga:

Samba angola

Nicrecrenzo ê

Ingrezo.

A seguir, cantar-se então para que o babalorixá ou ialorixá do terreiro, solte a pemba para eliminar todos os maus espíritos, seguindo-se o seguinte cântico:

O que pembê

O que pembeu iza

Casangeô iza

De angola

O que pembê

Samba angola

Que pembê ingoi,

lngoioni gangachô

Que pembê, que pembê

Que pembê ingoi

Que pembê ingoi

Ingoioni gangachõ.

Que pembê

Que pembê

Monanagolê.

OS TOQUES DE ATABAQUES NO RITMO DAS CORIMBAS

atabaques

O atabaque é um tambor usado nas festas religiosas dos negros de origem jeje-nagô e banto.

Também, nos candomblés sincréticos onde entra o elemento ameríndio mais conhecido como “Candomblé de Caboclo”, tal instrumento de percussão faz parte do ritual. Apenas os malês, negros arabizados e que professavam a religião mulçumana não adotavam o uso do atabaque.

Apresenta o atabaque a forma de um cone bastante comprido em relação ao diâmetro, medindo cerca de vinte a›vinte e cinco centímetros na parte superior e de dez a quinze na parte oposta, que se apoia sobre o chão. E, segundo o seu tamanho, recebe em ordem decrescente os nomes, de RUN, CONTRA-RUN, RUMPI E LÉ.

Informam os descendentes de africanos, que os atabaques, antigamente, eram feitos de cerâmica. Depois passaram a ser fabricados com o tronco ocado dos coqueiros e palmeiras e, mais tarde, foi utilizada na sua fabricação a madeira da gameleira (árvore sagrada que adoravam e adoram sob o nome de Iôko ou rôko-irôko). O couro para a percussão, ainda segundo a informação era preparado com a pele dos animais sacrificados nas oferendas aos orixás, excetuando-se o carneiro. Hoje, essa tradição não é mais seguida a rigor. O Run é o maior dos atabaques, alcançando às vezes o comprimento de metro e meio, medindo o , o menor deles de 50 a 70 centímetros.

Os atabaques são percutidos com pequenas varetas de madeira forte, conhecidas pelo nome de agdavi, ou simplesmente, ainda tocados com batidas dos dedos e das mãos. Cada orixá tem o seu toque específico.

Assim, Xangô é recebido com o Alujá; Oxosse com o Aguerê; Obaluaiê com o Opanijé; Oxalá com o Bravum; OXum e lemanjá pedem o Aderê; lansã com o Aguerê ou simplesmente o Egó. Os agdavis são empregados no alujá, bravum e adarrum, este último, um toque especial para chamar os orixás quando demoram a baixar. É um ritmo sincopado, hipnotizante.

Os toques de atabaques variam também com os cânticos. Apenas o alujá não muda o ritmo e, com ele, entoam-se as três primeiras orações, acompanhando-se os outros cânticos na mesma festa, como uma variante. Na umbanda de predominância banto, não se toca o alujá, preferindo-se o barra-vento, que com ele se assemelha. O barra-vento é percutido sem os agdavis.

Atualmente, nos candomblés da Bahia, onde o atabaque é o mais importante instrumento, só encontramos os tipos já citados, sendo que o, vai desaparecendo pouco a pouco das festas de terreiro. Cada tipo de atabaque tem o seu valor distinto, embora situem-se lado a lado no terreiro.

Enquanto o orixá maior não chega, tocam apenas o Contra-Run, o Rumpi e o Lé. Assim que ele desce, o é retirado do terreiro, o Contra-Run passa a ser como Run e o Rumpí, como Lé. O goza de muito privilegio no terreiro. Ele é percutido nos ensaios das filhas de santo, por possuir baixa sonoridade e não ser escutado a distância, evitando reclamações.

Já o Run é o instrumento nobre nos terreiros jeje-nagô, sendo tocado somente quando, seguindo a velha tradição, o orixá-maior chega. Está ainda presente na confirmação dos ogãs e das iaôs e nas entregas de dekás.

Conforme acima configuramos, os atabaques são instrumentos imprescindíveis dentro da ritualística de um XIRE DE ORIXÁS.

OBATALÁ – LlSSA / Oxalá

Sem título

Obatalá  chamado também Orixalá (o Grande Orixá) ou Oxalá, é o deus da criação, para os iorubanos. Foi quem ajudou Olodumaré (O Senhor) a criar o homem e a mulher. Olodumaré fez os esboços grosseiros em argila e Obatalá formou a boca, o nariz, os olhos, as orelhas, o crânio e fixou os membros. Olodumaré lhes insuflou a vida.

Obatalá, no seu templo na ilha de Ifé, lugar de origem de todas as coisas, seguindo a tradição iorubana, é figurado sentado, tendo a seu lado a mulher Yê Mowô. Formam juntos o par criados simbolizando a dualidade “céu e água”.

As tradições conhecidas sobre o mito da criação são aquelas de um deus criador (Olorum) ou Obatalá para os iorubanos, e Maú, Segé, Lissa ou Dada Segbó, para os fons e evés. Deus supremo, único, todo poderoso, mas longínquo, indiferente, nem bom nem mau, inacessível às preces dos homens. Só os orixás ou os voduns podem ser atendidos. Na ilha de Ifé há um par criador, Odudua e sua mulher Olokum, onde aparece a oposição terra e água.

Obatalá e Odudua são representados por duas metades de cabaças presas uma a outra. Obatalá é simbolizado pela metade superior, representando a abóbada celeste, que toca pelas bordas a terra, representada pela metade inferior, que simboliza Odudua

O céu fecunda a terra, de onde saem os outros orixás, os homens e todas as coisas.

Em Porto Novo, no Dahomey, é comum confundir-se os dois orixás em um só, Oduwa, que alguns julgam um deus andrógino.

Para os descendentes iorubanos, estabelecidos há muito tempo às margens do Mono, em Doume, as parceiras do criador tomam os nomes de Lissa e Maú.

Lissa, o príncipe masculino representa o ocidente, o sol. E figurado pelo camaleão, que toma diversas colorações. Mawu, o príncipe feminino, representa o oriente e a lua.

O culto de Lissa e Maú foi importado de Abomey, antiga capital de Dahomey, por Na Wangele, mãe do rei Tegbessou (1728 -1775). As orações e louvores aos deuses do templo são feitas por um velho nagô, da região de Deune.

Oxalá (outro nome de Obatalá) é, no Brasil, igualmente o orixá da criação. Seus adeptos portam colares de cor branca e são vestidos de branco. Na Bahia ele é sincretizado com o Senhor do Bonfim. O dia que lhe é consagrado é a sexta-feira e quando se manifesta é saudado por gritos de “Épa-Babá”. É representado sob duas formas: a de Oxalufam, um velho curvo e enfermo, vestido de branco, sustentando seus passos indeciso pelo longo bastão de estanho (paxorô), e como Oxaguiam, chamado também Adjagounam, jovem e guerreiro, vestido de branco, armado de uma bala de morteiro e de uma espada de metal prateado.

 

LÔKO

post - sexta

Lôko (Irôko), dos iorubanos, não é uma árvore sagrada em si mesma.

Não é sagrada senão quando serve de suporte à sua divindade. Seu nome no Dahomey é  sempre ligado ao do vodum que lhe deu tal caráter: Agbô-Lôko, que tem sua cadeira no templo de Lissa, no quarteirão Dfema, em Abomey.

Uma sua futura vodunce, no curso da cerimônia, faz aparição fora do convento, após sua “ressurreição”. Ela traz o dorso nu e inteiramente oleado, uma tanga branca molhada de óleo de palma em torno dos rins. Tem os cabelos cortados, mas ainda não raspados, e sobre a cabeça e a face manchas vermelhas. Anda estrebuchando, curvada em dois, conduzida por uma mulher que vai recuando, prendendo-lhe as mãos e guiando seus passos.

Levam duas galinhas para ofertar a Agbô-Lôko.  À frente dos tambores executam uma dança trepidante.

A família da noviça presente à cerimônia procede às distribuições de prata aos diversos dignitários do templo. Um arauto tem o cuidado de proclamar a soma das ofertas. Depois, seguem-se novas danças, seguidas do retorno da noviça ao templo.

Uma das sacerdotisas do templo indica, em seguida, à família o que é preciso reunir para fazer a sondagem.

Para cada objeto ou grupo de objetos anunciados, ela lança uma pedra, como ajuda-memória. As coisas a fornecer são numerosas e determinadas pelo processo de adivinhação. Finalmente, são enumeradas: seis bois, seis garrafas de bebidas, três cabritos, trinta e três esteiras, dez litros de óleo de palma, feijão, uma saca de sal, uma saca de farinha de milho, quatro cabaças de milho e feijão misturados, uma peça de veludo, uma tanga, uma navalha, mil cauris, papagaio, tintura vermelha, duas pedras de fuzil, uma tanga para o vodum, um peixe, uma pena de galinha e uma de galo, tudo isto na África.

SAKPATA – XAPANAM (Omolu e Obaluaiê)

post - quinta

A origem de Sakpata é do Dahomey, em Kpeub Vedji, de Dassa-Zoumé, no país Mahi.

É geralmente qualificado de vodum da varíola e das,doenças contagiosas, mas será mais certo chamá-lo de divindade da terra. A varíola e as doenças contagiosas não são mais que a punição que tais divindades determinam contra os malfeitores, aos que lhes faltaram com o respeito.

O nome Sakpata (o mesmo que Xapanam para os iorubanos), poderá significar um velho nagô que golpeia e mata, alusão à sua ação justiceira e vingativa. O nome é dúbio e perigoso de se pronunciar. De fato, as pessoas que o chamam mais à reverência de Ayinom, proprietário da terra. Ele forma uma família de voduns, cuja composição varia conforme as regiões.

Em Abomey ela é composta de sua mulher Niobé Ananu, seu filho da Zodji, que dá a disenteria e os vômitos que levam à morte.

Os corpos e os bens das vítimas da varíola pertencem de direito aos padres de Sakpata. Estes, como representantes do “rei da Terra”, foram a causa de diversas dificuldades com os reis do Dahomey, e muitos deles foram mortos pela varíola.

Atualmente, as cerimônias feitas em honra de Sakpata, particularmente aquelas de ressurreições dos noviços, atraem sempre muita gente.

Entre os iorubanos, Sakpata tem o nome de Xapanam, mas, pelãsrmes

mas razões que entre os mahis, é mais comumente chamado Obaluaiê (rei do mundo) ou Omolu.

É sob estes dois nomes que ele é conhecido no Brasil, onde se apresenta coberto de palha, a cabeça coberta para disfarçar sua vista atingida pela lepra. Leva à mão um xaxará, vara de nervuras de palmas, enfeitada de coquinhos. Dança curvado em dois, como presa de dores, e imita os sofrimentos, as convulsões, os vômitos e os tremores de febre. Os tambores batem para ele um ritmo especial chamado opaníjé, que significa em iorubano: “ele mata qualquer um e come”.

Seus adeptos, na Bahia, usam colares preto e branco ou vermelho e negro. O dia que lhe é consagrado, é a quinta-feira; é sincretizado com São Roque e São Lázaro. É recebido em saudação com gritos dez ”Atotô”.

OSSANYIM (OSSÃE)

post - quarta

Ossanyim é a entidade das folhas medicinais e litúrgicas, sendo de importância primordial.

Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem o seu concurso. É detentora do axé (força, poder, vitalidade), que nem os deuses ousam dispensar. O axé reside em certas ervas. O nome das folhas, bem como o seu emprego, constituem a parte de caráter velado do ritual do culto dos orixás e voduns.

O símbolo de Ossanyim é uma flecha de ferro sobremontada por sete pontas dirigidas para o alto, como as varetas de um guarda-chuva virado de borco. A do centro leva a imagem de um pássaro.

Pela presença de Ossanyim verifica-se a influência das folhas nas operações de adivinhação.

As folhas formam uma grande força na farmacopeia africana. O conhecimento que os negros têm das virtudes benéficas e nocivas das plantas é muito conhecida para que insistamos sobre o assunto.

Cada divindade tem suas folhas particulares. O emprego de uma folha contraindicada poderá ocasionar efeitos imprevisíveis. Também sua colheita deve ser feita com cuidado extremo, sempre em um lugar selvagem, bosque ou floresta, onde as plantas possam livremente existir. As que são cultivadas nos jardins devem ser protegidas.

Ossanyim vive na floresta. E representada por Aroni, um homem bem pequeno que só tem uma perna e que se diz, no Brasil fuma sempre um cachimbo feito de coquinho do caracol colocado sobre um canudo cavado e aspergido por suas folhas preferidas.

Os que são encarregados de fazer a colheita das ervas devem fazê-lo em estado de pureza, se abster de relações sexuais, pelo menos na noite precedente, ir à floresta pela manhã, não falar com ninguém e ter o cuidado de deixar uma oferta em dinheiro no solo, antes da prática.

Os caçadores e seu deus Oxossi estão em ligação frequente com Ossanyim, pelo fato de sua constante presença na floresta. Em Keto, existe Olossanyim (sacerdote de Ossanyim), que é o guardião de Oxossi.

No curso das cerimônias de consagração de um noviço a uma divindade, o emprego das folhas é fundamental, porque elas mesmas servirão na elaboração do Axé da divindade. Ele recebe nelas um acréscimo de força, que criou um primeiro elo de interdependência entre o futuro iaô e seu Orixá.