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Cântico e louvação de Ossanyim (Ossãe)
Ossanyim (Ossãe) é a entidade das folhas medicinais e litúrgicas. Sua importância é primordial e indispensável. Nenhuma cerimônia poderá ser efetuada sem o seu concurso. É orixá detentor de Axé (força, poder, vitalidade), que nem os deuses podem dispensar. O Axé reside em certas ervas. O nome destas folhas e o seu emprego tornam-se partes secretas ritual do culto dos orixás e vodus. O símbolo de Ossanyim é uma flecha de ferro sobremontada por sete pontas dirigidas para o alto como as varetas de um guarda-chuva virado de borco. A do centro leva a imagem de um pássaro.
Ossãe vive na floresta. É representada por Aroni, um homem bem no, que só tem uma perna, e que, se diz no Brasil, fuma sempre cachimbo feito de um coquinho de coral colocado sobre um canudo cavado e aspergido por suas folhas preferidas.
No curso das cerimônias e em pleno Xirê, o orixá é saudado aos gritos de “Eu Eu”.
Catendê
ê, ê, Catendê
Catendenganga
Catendê
La Iuanda ê.
Catendenganga
CuruZu
Cutala zambi
Caturamo
Catendenganga
Curuzu.
É abuquequê
Ingô iomim
Pequenininho
Como é
Filecô.
É mologandu
O que, o que
Ganga tubice
O que o cá
É mologandu
O que, o que
Gagatubice
Ganga tubice
O caô câ.
O micatendê
Táta samba.
Ó, ó,
Maruin
O micatendê
Ó, ô
Maruin.
Catendê de
Ladigina
Ô luandê.
Catendê de
Ladigina
Õ luandê.
Catendê de
Ladigina
Ó luandê
Micatendê
Ladigina
Catendenganga
Bibiquaia
Êu a me.
Catendê
Oia bibiquaia
Éu a me
Oia bibiqua¡a.
Cântico e louvação de OMULU
Na data de 17 de dezembro, inúmeros terreiros realizam respeitosas cerimônias para reverenciar o Orixá Omolu, ou seja, o orixá da varíola e das moléstias da pele, também chamado o dono da terra e dos cemitérios, e ainda, de ”O Médico dos Pobres”. São cerimônias cercadas por denso misticismo.
Omolu foi sincretizado com São Lázaro, visto ser o grande espírito de Lazaro, uma perfeita revelação do orixá, por suas características e pelo seu sofrimento como ser humano, corroído pelas chagas, pela lepra e depois sepultado e ressuscitado. Nenhuma outra criatura encarnaria tão perfeitamente o orixá, que é louvado, igualmente, em alguns terreiro no dia 13 de fevereiro, por constar nesta data, como sendo a da morte de Lázaro. Mas, no entanto, convém ressaltar que sua verdadeira morte só se registrou a 17 de dezembro, isto é, dez meses após a sua ressurreição.
Também chamado de Obaluaiê, quando incorporado, é saudado aos gritos de “latotô”. E começam seus cânticos e louvações:
Cafungue
Catulembaracíme m
Cacenzala ê, ê, ê,
Cafunguê.
Lembaracime
Cocenzala
E ê, ê,
Cafunguê.
Sambuê
É popo de monã.
Sambuê
Sambozanguê
Samboê é
Popo de monã.
E monã
Quere Sumbê
A um belê
Monã
Quere sambucê
Ai um belê.
Caturá
Caturá
Mora coná
Lembauê, Iembauê
Catura,
Mora congá
Lembauê
Acochê.
Cântico e louvação de OXOSSE
Oxosse é o orixá da caça.
Deve sua importância entre os iorubanos a diversas razões.
Uma delas é de ordem material, já que é Oxosse quem torna as caças frutuosas e garante a alimentação abundante. Uma outra é de ordem médica, porque os caçadores estando muitas vezes na floresta, entram em contato com Ossanyim (Ossãe), divindade das folhas medicinais e litúrgicas. Em Keto existe um Olossanim, perito em folhas e talismãs, que é o guardião de Oxosse. A ultima delas é de ordem social, porque é quase sempre um caçador, sob a proteção de Oxosse, em seus passeios à procura de presa, quem descobre um local favorável à instalação de uma nova fazenda ou de uma futura cidade para instalar-se com sua família.
O lugar de origem de Oxosse é Ikijá, perto de ljébu.
Quando se manifesta é saudado aos gritos de “Okê”. E daí por diante, seus cânticos e louvações têm curso:
Cabila queuala tala
Munzuê
Mamãe gimbe, gimbe,
Um táta ê
Mamãe gimbe á
Ai na ruanda ê
Orerê cabila
Queuala tala
Munzuê
Mamãe Mariá
CabHa
Mamãe Mariá
Cabila
Mukandeõ.
Tem pai
Cabila
Cabila
Tem Mãe
Cabila
Cabila de engoma
ê, ê,
Cabila geringue
Cabila de engoma
É um.
Cabila geringue
Auenda canguira
Munganga enganga
Aio tumba ô
Tauamim aê
Tauamim.
É muca,
Lembelembe
Aê tauaminha
Auenda cangira
Munganga enganga
Aio tumba ô
Tauaminha.
Bambi ê, ê, ê
Bambeu ainguá
Tauá
Bambeu ainguá
Tauá mi
Bambeu ainguá
Tauá.
É adeus cuta!a ginguê
Oiá ginguê õ
Adeus cutala ginguê
Oiá ginguê
Minha iza cutala
Cai a cura
Ai, ai, ai, ai,
Ai, a, adeus cutala
Ginguê, oiá guinguê õ
Oue me fauerá
Que me fauerá
Mínha iza cutala.
Caiza cura
Ai, ai, ai, ai, ai, ai
Adeus cutala
Ginguê oiá
Ginguê oíá, ginguê õ.
Caiza cura
Ai, ai, ai, ai, ai, ai,
Adeus cutala
Ginguê oiá, finguê õ.
À, o oiá me
Ola jabenganga
Olha maçambura
Lembeco
A samba queuá.
Cântico e louvação de OGUM
Ogum é para os iorubanos e nagôs o orixá dos ferreiros, dos cultivadores e de todos os que trabalham e utilizam o ferro (cabeleireiros, açougueiros, caçadores, pescadores, etc.).
É representado por instrumentos de ferro forjado, com os números 7, 14, 16 e 21, enfileirados sobre um bastão de ferro.
No Brasil, Ogum precede às outras divindades. Abre os caminhos em
todas as circunstâncias.
No curso das oferendas para os outros orixás, ele recebe louvores e ofertas, porque, sem faca forjada, a oferenda não será possível. Durante suas danças montado sobre seus iaôs, imita a guerra, brande um sabre e toma uma expressão feroz. É sincretizado com Santo Antônio, na Bahia, e São Jorge, no Rio de Janeiro. É saudado aos gritos de “Ogun-hê”, e posteriormente, através de seus cânticos e louvações, prossegue o Xirê:
Rose macumbê
Para me sauelâ
Goiaê, aõ, Goiaê aê
Goiaê,
O Luandê o cocê
O muitalalangá.
Cocê imbambiê
Aê cocê.
Cocê embambaiô
Malambê,
Aê cocê.
Cocê biolelê
Biolala
Quiza becum
Cocê biolê,
Biolá.
Tabalacime
E nu tabalandê
O incocê
É nu tabalandê
O incocê.
v Ogum oiá
Ogum oiá ê
De mene
Ogum oiá
De mene
Patacori
É de mene.
Banda minicongo
Aê, aê, aê, aê,
Banda minicongo
É minicongo
É subuqueala.
Aê, aê, aê
Banda minicongo.
É aê, aê
Banda minicongo
É de tereculê
É de tereculê
A Ogum iê
O táta qué
Malembê
Ai Ogum iê
É um táta qué
Malembê.
Cântico e louvação de Exu
Exu é o mensageiro dos outros orixás.
Ele é também o guardião dos templos, das pessoas, das casas, das cidades.
De caráter irascível ele é a cólera dos orixás e dos homens. Gosta de provocar discórdias e questões, e também acidentes, calamidades publicas e privadas. Obtém tais resultados criando com astúcia os mais diversos mal-entendidos.
É a ele, em primeiro lugar que devem ser feitos os louvores e ofertas ao início de todas as cerimônias ritualísticas, com a finalidade de que elas transcorram na mais perfeita ordem.
E seus cânticos e louvações, então, são entoados:
Bombogira já mucanguê iáiá irerê
Bombogíra já mucanguê iáiá Oiaê
Bombogira cujá conjanjo
Bombogirê gangaiõ lhe que
Bombogirê quinguangue
Gangaiõ, gangaiõ le que Bombo-girê
Tenda, tendá é Bomba-gira
Tendaió
Tenda, tendá é Bombo-girá.
Mavile, mavile mavanguê
Recompenso ê
a, a, a, recompenso.
É um mavile, é um mavile
É um mavile mavango
O quianga ê
O quianga ê ô.
Xô apavenã, Xô apavenã
Minha aldeia ainda é
Xô apavenã
Xô aindaê, Xô ainda é
Minha aldeia ainda é
Xô aindaê.
Niamadobê,
Quírijá
Nelemadogô
Quirijá.
Agongô rongó
Laroiê
É um gó
É um gó
Laroiê.
Toma lá zecu, zecu
Olha zé curiá
Olha Iá zecu, zecu
Olha zé curiá.
Depois que se despacha o padê de Exu, tirase a seguinte cantiga:
Samba angola
Nicrecrenzo ê
Ingrezo.
A seguir, cantar-se então para que o babalorixá ou ialorixá do terreiro, solte a pemba para eliminar todos os maus espíritos, seguindo-se o seguinte cântico:
O que pembê
O que pembeu iza
Casangeô iza
De angola
O que pembê
Samba angola
Que pembê ingoi,
lngoioni gangachô
Que pembê, que pembê
Que pembê ingoi
Que pembê ingoi
Ingoioni gangachõ.
Que pembê
Que pembê
Monanagolê.
OS TOQUES DE ATABAQUES NO RITMO DAS CORIMBAS
O atabaque é um tambor usado nas festas religiosas dos negros de origem jeje-nagô e banto.
Também, nos candomblés sincréticos onde entra o elemento ameríndio mais conhecido como “Candomblé de Caboclo”, tal instrumento de percussão faz parte do ritual. Apenas os malês, negros arabizados e que professavam a religião mulçumana não adotavam o uso do atabaque.
Apresenta o atabaque a forma de um cone bastante comprido em relação ao diâmetro, medindo cerca de vinte a›vinte e cinco centímetros na parte superior e de dez a quinze na parte oposta, que se apoia sobre o chão. E, segundo o seu tamanho, recebe em ordem decrescente os nomes, de RUN, CONTRA-RUN, RUMPI E LÉ.
Informam os descendentes de africanos, que os atabaques, antigamente, eram feitos de cerâmica. Depois passaram a ser fabricados com o tronco ocado dos coqueiros e palmeiras e, mais tarde, foi utilizada na sua fabricação a madeira da gameleira (árvore sagrada que adoravam e adoram sob o nome de Iôko ou rôko-irôko). O couro para a percussão, ainda segundo a informação era preparado com a pele dos animais sacrificados nas oferendas aos orixás, excetuando-se o carneiro. Hoje, essa tradição não é mais seguida a rigor. O Run é o maior dos atabaques, alcançando às vezes o comprimento de metro e meio, medindo o Lé, o menor deles de 50 a 70 centímetros.
Os atabaques são percutidos com pequenas varetas de madeira forte, conhecidas pelo nome de agdavi, ou simplesmente, ainda tocados com batidas dos dedos e das mãos. Cada orixá tem o seu toque específico.
Assim, Xangô é recebido com o Alujá; Oxosse com o Aguerê; Obaluaiê com o Opanijé; Oxalá com o Bravum; OXum e lemanjá pedem o Aderê; lansã com o Aguerê ou simplesmente o Egó. Os agdavis são empregados no alujá, bravum e adarrum, este último, um toque especial para chamar os orixás quando demoram a baixar. É um ritmo sincopado, hipnotizante.
Os toques de atabaques variam também com os cânticos. Apenas o alujá não muda o ritmo e, com ele, entoam-se as três primeiras orações, acompanhando-se os outros cânticos na mesma festa, como uma variante. Na umbanda de predominância banto, não se toca o alujá, preferindo-se o barra-vento, que com ele se assemelha. O barra-vento é percutido sem os agdavis.
Atualmente, nos candomblés da Bahia, onde o atabaque é o mais importante instrumento, só encontramos os tipos já citados, sendo que o Lé, vai desaparecendo pouco a pouco das festas de terreiro. Cada tipo de atabaque tem o seu valor distinto, embora situem-se lado a lado no terreiro.
Enquanto o orixá maior não chega, tocam apenas o Contra-Run, o Rumpi e o Lé. Assim que ele desce, o Lé é retirado do terreiro, o Contra-Run passa a ser como Run e o Rumpí, como Lé. O Lé goza de muito privilegio no terreiro. Ele é percutido nos ensaios das filhas de santo, por possuir baixa sonoridade e não ser escutado a distância, evitando reclamações.
Já o Run é o instrumento nobre nos terreiros jeje-nagô, sendo tocado somente quando, seguindo a velha tradição, o orixá-maior chega. Está ainda presente na confirmação dos ogãs e das iaôs e nas entregas de dekás.
Conforme acima configuramos, os atabaques são instrumentos imprescindíveis dentro da ritualística de um XIRE DE ORIXÁS.